A montadora chinesa BYD iniciou oficialmente a distribuição dos primeiros veículos montados em sua nova fábrica em Camaçari, na Bahia. A unidade, inaugurada neste segundo semestre, representa um marco na industrialização do setor de carros elétricos e híbridos no Brasil, com investimento estimado em R$ 5,5 bilhões e geração de milhares de empregos diretos e indiretos.
Nesta fase inicial, a montagem é feita pelo sistema SKD (Semi Knock-Down) — quando os veículos chegam parcialmente montados da China e são finalizados localmente. Os primeiros modelos a sair da linha de produção são o Dolphin Mini, totalmente elétrico, e o Song Plus, híbrido do tipo plug-in (PHEV). Ambos já começaram a ser distribuídos para concessionárias em todo o país.
Segundo a empresa, o processo de nacionalização de componentes será gradual. A expectativa é de que 50% das peças utilizadas sejam produzidas no Brasil até 2027, fortalecendo fornecedores locais e reduzindo custos logísticos. “A planta de Camaçari será o coração da estratégia de eletrificação da BYD na América do Sul”, afirmou a presidente da montadora no Brasil, Stella Li, durante o evento de lançamento.
A capacidade de produção também será expandida por etapas. Em um primeiro momento, a fábrica deve montar **cerca de 150 mil veículos por ano, com possibilidade de alcançar até 600 mil unidades anuais nos próximos anos. A estrutura foi projetada para abrigar três linhas industriais — uma de automóveis, outra de caminhões elétricos e uma de chassis de ônibus — além de um centro de pesquisa e desenvolvimento dedicado à tecnologia de baterias.
O governo da Bahia considera o projeto estratégico para a economia regional e para a transição energética do país. “Com a chegada da BYD, a Bahia se consolida como protagonista na produção de veículos sustentáveis e na geração de empregos de alto valor agregado”, destacou o governador Jerônimo Rodrigues.
Para os consumidores, a nacionalização promete trazer benefícios diretos, como maior oferta de modelos elétricos e híbridos a preços mais competitivos, além de expansão da rede de assistência técnica.
Apesar do avanço, especialistas destacam que o processo ainda está em fase de maturação. A plena operação da planta, com estamparia, soldagem e pintura locais, deve ocorrer apenas após a consolidação da cadeia de fornecedores e da transferência completa de tecnologia.
A fábrica de Camaçari simboliza não apenas a retomada da produção automotiva na região — desativada após a saída da Ford em 2021 —, mas também o início de uma nova etapa da indústria brasileira voltada à mobilidade elétrica e sustentável.
