Desapropriação da Fábrica Caoa Chery: Prefeitura de Jacareí dá um ultimato a empresa

Divulgação / Sindicato dos Metalúrgicos - Fábrica da Caoa Chery em Jacareí

A Prefeitura de Jacareí, no interior de São Paulo, notificou oficialmente a montadora Caoa Chery e deu um ultimato: caso a empresa não apresente um plano concreto de retomada da produção ou destinação adequada da fábrica inativa desde 2022, a área doada poderá ser desapropriada. O prazo para resposta é de 45 dias.

O Portal Auto ND1 teve acesso exclusivo aos documentos encaminhados à montadora, incluindo os ofícios emitidos pela administração municipal, pareceres técnicos e notas da assessoria de imprensa da Prefeitura que embasam o processo.

A planta industrial foi doada pela Prefeitura em 2011, com o compromisso de gerar empregos e manter operação contínua, conforme os termos firmados à época com o município.

Notificações e prazo oficial

A situação da fábrica motivou o envio de dois ofícios pela Prefeitura de Jacareí à Caoa Chery durante o mês de julho. No mais recente, datado de 21 de julho, o prefeito Celso Florêncio (PL) determinou que a empresa apresente, em até 45 dias, um plano de retomada das operações ou uma "alternativa concreta que assegure a efetiva utilização do imóvel conforme sua destinação original", conforme descrito na notificação.

Se a montadora não se manifestar ou não apresentar uma proposta considerada viável, o município iniciará o processo administrativo de reversão da doação ou de desapropriação-sanção da área.

A indenização prevista nesse cenário é de R$ 17,7 milhões, valor correspondente à diferença entre os R$ 63,7 milhões estimados para o complexo industrial e os R$ 46 milhões já investidos pelo município em infraestrutura e incentivos fiscais concedidos à montadora.

Histórico da fábrica

A unidade da Caoa Chery em Jacareí foi inaugurada em 2014, após um investimento estimado em US$ 400 milhões — o equivalente a R$ 2,2 bilhões na cotação atual. O terreno foi concedido em 2011 mediante compromisso de construção da fábrica, geração de empregos e operação contínua.

Porém, a planta foi desativada em 2022, com a justificativa de que passaria por reestruturação para adaptar-se à produção de veículos elétricos — o que, até agora, não se concretizou.

Relatório da Procuradoria aponta descumprimento de obrigações

De acordo com relatório técnico da Procuradoria Geral do Município, a Caoa Chery descumpriu cláusulas contratuais do memorando de entendimentos e do contrato de doação. Entre os pontos apontados está a baixa geração de empregos: em 2020, a fábrica empregava apenas 444 funcionários, número distante dos mais de 3.000 postos de trabalho prometidos inicialmente.

Pressão institucional aumenta

O primeiro ofício, enviado em 4 de julho, já manifestava a “profunda preocupação” da Prefeitura diante do prolongado silêncio da empresa e solicitava uma reunião formal com a direção da Chery International.

A administração municipal pressiona a empresa para que a área seja utilizada conforme a finalidade originalmente acordada. Caso contrário, tomará as medidas legais cabíveis para reverter a doação ou promover a desapropriação do imóvel.

Postagem Anterior Próxima Postagem