A Jeep oficializou que o SUV compacto Avenger será produzido no Brasil a partir de 2026. O modelo, anunciado inicialmente em maio, será fabricado na unidade da Stellantis em Porto Real (RJ), que recebeu investimentos de R$ 3 bilhões em modernização e expansão de sua linha de montagem, dentro do plano estratégico da empresa para o período entre 2025 e 2030.
O Avenger será o quarto modelo Jeep produzido no país, juntando-se a Renegade, Compass e Commander, que continuam sendo fabricados no Polo Automotivo de Goiana (PE). A fábrica de Porto Real atualmente monta os Citroën C3, Aircross e Basalt, e agora também ficará responsável pelo novo SUV.
Segundo Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul e líder global da Stellantis Pro One, a decisão reforça a relevância estratégica do mercado brasileiro:
“Temos orgulho em anunciar a produção do Jeep Avenger em nosso Polo Automotivo de Porto Real. Sucesso global, o modelo reafirma a competência da nossa equipe na América do Sul, que entrega o mais alto padrão de qualidade, inovação e capacidade técnica”, destacou o executivo.
Dimensões e características técnicas
O Avenger chega para ser o menor SUV da Jeep. O modelo terá 4,08 m de comprimento, entre-eixos de 2,56 m e porta-malas de 380 litros, dimensões ligeiramente inferiores às do Renegade, mas ainda competitivas dentro da categoria.
- Motor 1.0 turbo flex de 130 cv;
- Motor elétrico de 3 kW, que substitui alternador e motor de arranque;
- Duas baterias (uma tradicional de chumbo ácido e outra de íon de lítio);
- Módulo de gerenciamento eletrônico para controlar o uso das baterias;
- Transmissão automática CVT, com simulação de até sete marchas.
Posicionamento de mercado
Diferente do que chegou a ser especulado, o Avenger não substituirá o Renegade. O SUV compacto ficará posicionado abaixo do Renegade, tornando-se a porta de entrada da marca Jeep no Brasil. A estratégia da Stellantis é ampliar a oferta de modelos e se aproximar de um público mais amplo, especialmente consumidores que buscam SUVs compactos, mais acessíveis e com tecnologias de eletrificação.
O lançamento oficial está previsto para o primeiro semestre de 2026, e o modelo deverá ser um dos grandes destaques da Jeep no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do mesmo ano.
Análise detalhada
1. Estratégia industrial e geopolítica da Stellantis
A escolha de Porto Real para a produção do Avenger é estratégica. A planta havia perdido protagonismo nos últimos anos, produzindo modelos de menor volume da Citroën. O investimento de R$ 3 bilhões sinaliza que a Stellantis enxerga potencial para ampliar a competitividade da unidade, evitando concentração apenas em Goiana (PE) e diversificando sua produção. Isso garante maior equilíbrio logístico e aproveitamento de incentivos regionais.
2. O papel do Avenger na gama Jeep
Outro ponto muito importante que o Auto ND1 destaca, é que o Avenger será o SUV mais acessível da Jeep no Brasil, mirando um segmento altamente competitivo, onde atuam Nivus, Kicks, HR-V, Tracker e Pulse. A Jeep aposta no prestígio da marca e na proposta híbrida leve para conquistar consumidores que buscam um SUV compacto, mas ainda valorizam a identidade robusta da Jeep.
3. Tecnologia híbrida leve como etapa intermediária
Diferente da Europa, onde a eletrificação já é mandatória, no Brasil a Stellantis optou pelo híbrido leve (MHEV) em vez do elétrico puro. Essa decisão é pragmática:
- O país ainda não possui infraestrutura ampla de recarga;
- O consumidor brasileiro valoriza o motor flex;
- O híbrido leve tem custo mais baixo e pode ser vendido em faixas de preço mais competitivas.
Com isso, o Avenger se posiciona como SUV de transição, preparando o mercado para tecnologias mais avançadas de eletrificação.
4. Impacto no portfólio da Jeep
O Avenger não elimina o Renegade, mas cria uma escada de produtos:
- Avenger → SUV de entrada, compacto, voltado ao custo-benefício;
- Renegade → intermediário, já consolidado e com versões mais robustas;
- Compass e Commander → consolidados como SUVs médios e grandes.
Essa estrutura ajuda a Jeep a atender desde o consumidor iniciante em SUVs até o público de maior poder aquisitivo.
5. Perspectiva de mercado
Com previsão de lançamento em 2026, o Avenger chega em um momento no qual os SUVs compactos seguem como líderes absolutos de vendas no Brasil. A Jeep pode usar seu prestígio de marca para disputar espaço com rivais diretos, oferecendo um produto que combina design global, espaço adequado e tecnologia híbrida leve, mas a chave estará no preço final. Se o modelo se posicionar muito acima da concorrência, pode perder competitividade.
Em resumo, o Jeep Avenger simboliza a expansão da Stellantis no Brasil, a retomada da relevância de Porto Real e a entrada da Jeep em um segmento ainda mais popular. Será o primeiro passo para uma eletrificação gradual da marca no país, sem abrir mão da identidade Jeep de robustez e versatilidade.