Durante décadas, o carro popular simbolizou o sonho do primeiro automóvel para milhões de brasileiros. Modelos como o Fusca, Uno, Gol, Palio e Celta marcaram gerações, oferecendo preço acessível e manutenção barata. Hoje, no entanto, especialistas afirmam que o conceito de veículo popular praticamente desapareceu no Brasil.
Fim da era popular
O chamado carro popular nasceu com a redução de impostos em 1993, voltado a veículos com 1.0. Na época, opções como o Fiat Uno e o Volkswagen Gol eram vendidos a preços muito abaixo da média do mercado, o que ampliou a motorização no país.
Atualmente, nenhum modelo 0 km é vendido por menos de R$ 70 mil, e o “popular” se tornou inviável diante da alta tributária, da inflação de insumos e da adoção de tecnologias obrigatórias de segurança.
Acesso cada vez mais restrito
O preço médio de um carro novo no Brasil já supera R$ 120 mil. Mesmo os chamados “modelos de entrada” – como Fiat Mobi, Renault Kwid e Peugeot 208 – custam entre R$ 70 mil e R$ 80 mil.
Essa realidade tornou o financiamento indispensável, mas o crédito encareceu com a alta da Selic, restringindo ainda mais o acesso para famílias de baixa e média renda.
SUVs dominam o mercado
Enquanto os hatches compactos perdem espaço, os SUVs assumiram a liderança nas vendas. O público consumidor passou a buscar conforto, conectividade e design robusto, mesmo a preços mais elevados. Esse movimento ajuda a explicar por que montadoras priorizam SUVs, deixando os modelos de entrada em segundo plano.
Futuro dos carros acessíveis
Especialistas apontam que dificilmente o Brasil voltará a ter um “carro popular” nos moldes dos anos 1990.
O futuro aponta para:
- Modelos de entrada mais caros, mas com maior segurança embarcada;
- Expansão dos seminovos como alternativa de acesso ao automóvel;
- Elétricos e híbridos compactos em longo prazo, à medida que a tecnologia se baratear.
Impacto social
A perda do carro popular amplia desigualdades: para milhões de brasileiros, possuir um veículo próprio volta a ser um privilégio. Em contrapartida, cresce a demanda por transporte por aplicativos, motocicletas e alternativas de mobilidade urbana.