A Suzuki Motor Corporation revelou nesta semana os primeiros detalhes de sua participação no Japan Mobility Show 2025 — o antigo Salão de Tóquio — e surpreendeu ao incluir em sua linha de exibição uma série de veículos movidos a etanol. A marca japonesa anunciou que vai apresentar carro, moto e até um motor de popa com tecnologia flex-fuel, reforçando a aposta em combustíveis alternativos e soluções adaptadas a diferentes mercados globais.
O destaque da mostra será o Suzuki Fronx FFV (Flexible Fuel Vehicle), conceito desenvolvido para operar com altas misturas de etanol, incluindo E85 (85% de etanol), dependendo do mercado. O modelo, baseado no SUV compacto Fronx, já vendido em países como a Índia, representa uma resposta direta da marca à crescente demanda por soluções sustentáveis que não dependam totalmente da eletrificação.
Carro, moto e até motor náutico a etanol
Além do Fronx FFV, a Suzuki também exibirá o motor de popa DF60A FFV, projetado para uso náutico e capaz de funcionar com combustíveis à base de álcool. A fabricante ainda promete revelar protótipos de motocicletas e veículos híbridos e elétricos, todos dentro do conceito de “mobilidade múltipla”, que busca oferecer diferentes caminhos tecnológicos para a redução de emissões.
Segundo a própria Suzuki, o objetivo é demonstrar “uma estratégia de transição energética que respeite a realidade de cada mercado”. Em vez de concentrar esforços apenas em veículos 100% elétricos, a marca pretende combinar etanol, biometano, eletrificação e hidrogênio em seu portfólio global.
Tecnologia flex adaptada e foco em mercados emergentes
De acordo com informações divulgadas pela montadora, o sistema do Fronx FFV inclui modificações no tanque, linhas de combustível, bicos injetores e software de injeção eletrônica (ECU), para ajustar automaticamente o funcionamento conforme a proporção de etanol. O carro será capaz de operar com diferentes misturas, de E20 a E85, sem comprometer desempenho ou durabilidade do motor.
A tecnologia foi desenvolvida para atender especialmente mercados emergentes, como Brasil e Índia, onde o uso de etanol é consolidado e a infraestrutura de carregamento elétrico ainda é limitada.
Brasil segue como referência mundial em biocombustíveis
Embora a Suzuki não tenha confirmado a chegada do Fronx FFV ao Brasil, a apresentação no Salão de Tóquio é vista como um reconhecimento da importância do país no desenvolvimento de tecnologias ligadas ao etanol. O Brasil é hoje um dos maiores produtores e consumidores de biocombustíveis do mundo, com mais de 80% da frota de carros novos equipada com motores flex.
Especialistas do setor avaliam que a estratégia da Suzuki pode abrir caminho para futuras parcerias ou até adaptações locais de seus modelos globais. Atualmente, marcas como Volkswagen, Fiat e Chevrolet já produzem motores flex no país, e a entrada de montadoras asiáticas nesse segmento poderia ampliar a competitividade no mercado.
Etanol e eletrificação lado a lado
A Suzuki aproveitou a conferência de imprensa em Tóquio para reforçar que não pretende abandonar o desenvolvimento de veículos elétricos, mas sim diversificar suas opções de propulsão. No estande da marca também estarão os conceitos Vision e-Sky, e-VanVan e e-EVERY, todos elétricos, além de protótipos com célula a hidrogênio.
“A neutralidade de carbono não tem um único caminho. Vamos desenvolver diferentes soluções, de acordo com as condições e necessidades de cada região”, afirmou o presidente da Suzuki Motor Corporation, Toshihiro Suzuki, em comunicado oficial.
Perspectivas e próximos passos
O Japan Mobility Show 2025 acontece entre os dias 24 de outubro e 4 de novembro, no centro de convenções Tokyo Big Sight, e reunirá as principais montadoras do mundo. A Suzuki promete revelar mais detalhes técnicos e planos de comercialização de seus veículos flex durante o evento.
Enquanto isso, a indústria automotiva observa com atenção. A adoção de soluções flex-fuel por uma gigante japonesa indica que o etanol continua relevante no cenário global — especialmente como alternativa viável de descarbonização em mercados onde o carro elétrico ainda enfrenta barreiras de custo e infraestrutura.
