Veja 5 carros criados por uma marca e vendidos por outra no Brasil

 

Daewoo Lacetti foi a base da primeira geração do Chevrolet Cruze — Foto: Divulgaçã

A estratégia da Chevrolet com o Spark — modelo originalmente criado pela sul-coreana Daewoo e depois rebatizado — não é novidade no mercado automotivo. Essa prática, conhecida como “badge engineering” (ou “engenharia de emblema”), consiste em reaproveitar um projeto já existente e vendê-lo sob outra marca. No Brasil, esse expediente já foi utilizado por diversas montadoras ao longo das décadas.

Confira alguns dos exemplos mais curiosos dessa estratégia no mercado nacional:

1. Chevrolet Spark (Daewoo Matiz)

O Spark que conhecemos era, na verdade, o Daewoo Matiz, modelo compacto desenvolvido pela montadora coreana. Após a General Motors adquirir a Daewoo, o carrinho ganhou o logotipo da Chevrolet e passou a ser comercializado em vários países — inclusive no Brasil — com pequenas alterações visuais.

2. Fiat Freemont (Dodge Journey)

Com a união dos grupos Fiat e Chrysler, o Dodge Journey recebeu uma nova identidade e virou o Fiat Freemont. O modelo manteve a estrutura e o conforto do SUV americano, mas ganhou uma pegada mais familiar, buscando o público que via o Freemont como uma opção de custo-benefício superior.


3. Ford Verona (Volkswagen Apollo)

Nos anos 1990, a parceria Autolatina entre Ford e Volkswagen gerou uma série de “irmãos gêmeos” nas concessionárias. O Ford Verona era praticamente o mesmo carro que o Volkswagen Apollo, compartilhando motor, carroceria e interior. Era um jeito de economizar em desenvolvimento e manter presença em diferentes segmentos.

4. Suzuki Fun (Chevrolet Celta)

Pouca gente sabe, mas o Suzuki Fun, vendido na Argentina, era idêntico ao Chevrolet Celta brasileiro. O compacto nacional recebeu o emblema da Suzuki em alguns mercados do Mercosul, fruto de acordos regionais da GM para ampliar o alcance da marca japonesa.


5. Fiat Titano (Peugeot Landtrek)

Mais recente, o caso da Fiat Titano mostra que o rebadging ainda é prática comum. A picape é, na verdade, uma Peugeot Landtrek com visual adaptado e ajustes de acabamento. Ambas pertencem ao grupo Stellantis, que vem aplicando essa estratégia para reduzir custos e unificar plataformas.


Por que as montadoras fazem isso?

Os principais motivos são econômicos e estratégicos. Desenvolver um carro do zero custa milhões de dólares, exige testes e anos de pesquisa. Ao reaproveitar um projeto existente, a montadora consegue:

  • Reduzir custos de engenharia e homologação;

  • Acelerar o lançamento de novos produtos;

  • Preencher lacunas no portfólio com rapidez;

  • E aproveitar sinergias dentro do mesmo grupo industrial.

Entretanto, a prática tem riscos: pode confundir o consumidor, diluir a identidade das marcas e criar comparações diretas com o “original”.

Um costume que vem de longe

O “empréstimo de carros” entre marcas é uma tradição antiga na indústria automotiva. No passado, servia para que montadoras locais tivessem acesso a tecnologias estrangeiras. Hoje, é uma forma de reduzir custos e adaptar produtos para diferentes mercados.

No fim das contas, o que importa para o consumidor é o conjunto da obra — design, conforto, desempenho e confiabilidade —, e não tanto o nome que vem na grade.


Análise: estratégia da Chevrolet com o Spark no contexto histórico

A Chevrolet, ao rebatizar o Daewoo Matiz como Spark, não fez nada de revolucionário — seguiu o caminho clássico do badge engineering. Isso permite entrar no segmento de carros compactos com menor custo de desenvolvimento.
Com o tempo, essa prática foi refinada: hoje, quase todos os grupos automotivos globais mantêm “plataformas modulares” que já nascem com possibilidade de múltiplas versões (sedã, hatch, SUV) e para diferentes marcas — o que facilita ainda mais os rebadging internos.

No Brasil, porém, o consumidor é bastante atento: existe ceticismo quanto a carros “rebatizados demais”. A marca precisa fazer algo extra — design, marketing, serviço — para proteger sua imagem.

Conclusão

A engenharia de emblema — reprojetar ou adaptar um carro de uma marca para vendê-lo sob outra — é tão antiga quanto a própria indústria automobilística. O caso do Chevrolet Spark / Daewoo é só mais um capítulo dessa longa história de compartilhamento de projetos, sinergias e adaptação às exigências de custo e mercado.

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