Além dos carros elétricos, GWM aposta em barcos movidos a hidrogênio na América Latina.

 

A GWM, conhecida no Brasil pelos SUVs e veículos eletrificados, apresentou uma aplicação inédita da tecnologia a hidrogênio fora do setor automotivo. Durante a COP30, realizada em novembro, a montadora revelou o JAQ H1, a primeira embarcação a hidrogênio da América Latina, desenvolvida como um laboratório flutuante de energia limpa e educação ambiental.

Diferente do que muitos imaginam, o barco não utiliza o hidrogênio diretamente para se locomover. O gás é empregado para gerar energia elétrica, responsável por alimentar todos os sistemas de bordo, como climatização, iluminação, equipamentos internos e instrumentos operacionais. A propulsão a hidrogênio ainda está prevista para fases futuras do projeto.

Como funciona o barco a hidrogênio da GWM

Todo o sistema energético do JAQ H1 está concentrado em um contêiner instalado no convés da embarcação. Na parte traseira, localizada na popa, estão 14 tanques de fibra de carbono, capazes de armazenar cerca de 129 quilos de hidrogênio comprimido. O abastecimento pode ser feito pelos dois lados do barco, facilitando a operação.

O hidrogênio armazenado segue para uma célula a combustível do tipo PEMFC, tecnologia de baixa temperatura usada em soluções avançadas de mobilidade. Nesse processo, o gás reage com o oxigênio do ar, gerando eletricidade de forma silenciosa, sem combustão ou emissão de poluentes. O único subproduto da reação é vapor d’água.

A célula opera com potência de 80 kW e eficiência próxima de 58%. O sistema é resfriado com água do mar, mantendo a temperatura de operação em torno de 70 °C. Antes de ser devolvido ao ambiente, o ar utilizado no processo passa por filtragem, retornando à atmosfera mais limpo.

Baterias garantem autonomia elétrica

A energia gerada não é usada diretamente. Ela passa por módulos de controle que regulam tensão e corrente e, em seguida, é armazenada em baterias com capacidade aproximada de 180 kWh — o equivalente ao consumo médio de uma residência brasileira por cerca de um mês.

Segundo a GWM, o sistema permite até 10 dias de operação contínua com todos os equipamentos elétricos ligados. A empresa destaca que, em embarcações, o hidrogênio pode ser até seis vezes mais eficiente que painéis solares, cuja eficiência real gira em torno de 10%, contra até 60% das células a combustível.

Projeto com foco em inovação e sustentabilidade

O JAQ H1 faz parte da estratégia global da GWM Hydrogen powered by FTXT, divisão voltada ao desenvolvimento de soluções a hidrogênio para diferentes setores. De acordo com Davi Lopes, líder da divisão, o objetivo é demonstrar que o hidrogênio pode ser uma alternativa viável e escalável, não apenas para veículos, mas também para comunidades isoladas e operações remotas.

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