Nova CNH do Brasil: como são as aulas teóricas gratuitas por app

Tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é um sonho para grande parte dos brasileiros e, dentro desse grupo, há quem enfrente dificuldades para pagar pelo processo de habilitação.

Com as novas regulações do Governo Federal, os custos foram reduzidos e passaram de cerca de R$ 3 mil a R$ 4 mil para aproximadamente R$ 800.

No entanto, por diversos fatores, ainda não havia sido possível tirar a habilitação. Um deles, claro, era o alto custo. Em Minas Gerais, estado onde moro, os valores chegavam a ultrapassar R$ 4 mil.

Porém, havia decidido: até dezembro, entraria na autoescola. Com o movimento do Governo, optei por esperar e fui surpreendido com a aprovação da medida, que já entrou em vigor.

Nesta série de reportagens, vou passar pelo processo de retirada da CNH e relatar, uma vez por semana, o passo a passo dessa jornada, incluindo dificuldades, facilidades e custos.

Agora, na primeira reportagem, você acompanha como foi a minha experiência com as aulas teóricas.

Início rápido e um gosto amargo (para quem tirou antes)

Na terça-feira (09), o governo decretou as mudanças na CNH e disponibilizou um aplicativo para que os interessados realizem as aulas teóricas de forma totalmente gratuita.

A medida não extinguiu as aulas presenciais nas autoescolas, mas abriu a possibilidade de que quem optasse pelo processo online economizasse a partir de R$ 300, valor estimado em alguns estados e que pode ser ainda maior em outros.

Por praticidade e economia, optei por fazer as aulas teóricas pela plataforma do governo, e me surpreendi. Com algumas horas de atenção, indispensáveis nesse processo, e um caderno ao lado, consegui concluir o conteúdo em apenas uma tarde.

Esse relato foi comum nas redes sociais ao longo da semana, assim como as reclamações de quem havia pago valores elevados pouco antes de o material passar a ser disponibilizado gratuitamente.

Baixar o aplicativo foi simples. Fiz o download no dia seguinte, pela Pl ay Store, mas ele também está disponível em outras lojas de aplicativos. O app solicita login com a conta Gov.br e, já na página inicial, apresenta o menu “Educação”. Ao clicar, o usuário é direcionado para uma página na web com duas opções: condutor e instrutor. Optei, naturalmente, por condutor.

Após um vídeo de apresentação e a leitura das orientações, já é possível iniciar as aulas. O curso é dividido em quatro módulos, cada um com quatro aulas, o que torna a experiência mais organizada.

Começando as aulas pelas placas

O primeiro módulo é “Placas, cores e caminhos”. Sempre tive curiosidade em entender o significado de cada placa, o que ajudou bastante durante o processo, tanto pelo interesse pessoal quanto pelo trabalho com automobilismo.

A página das aulas oferece diferentes formatos: vídeo, podcast e texto. Dois pontos chamam atenção aqui: o material é acessível e permite que cada pessoa consuma o conteúdo da forma que considera mais eficiente.

Após a introdução, começam as aulas propriamente ditas. Elas são densas, não pense que o conteúdo é simples por ser gratuito e do governo.

Os textos são longos, assim como os áudios. Um ponto positivo é que todo o material é apresentado de forma dialogada, com linguagem próxima à de um professor em sala de aula, algo ainda mais evidente nos vídeos.

Logo na primeira aula, aprendi que existem diferentes categorias de sinalização. Aquela informação aparentemente óbvia, mas que só se fixa quando alguém explica.

Descobri que há sinalização vertical (as placas), horizontal (pinturas no asfalto), semafórica, cicloviária, temporária (como em obras) e de dispositivos auxiliares, como cones.

Tudo isso faz parte da comunicação no trânsito e cabe ao condutor interpretar corretamente essas mensagens.

Assim como nós nos comunicamos verbalmente, simbolicamente e por meio da leitura, os motoristas se comunicam por meio da sinalização e de códigos próprios do trânsito. A ficha caiu ali.

As placas, ou sinalizações verticais, também são divididas em três grupos: regulamentação (vermelhas e brancas), advertência (amarelas e pretas) e indicação (verdes, marrons, azuis e brancas).

As placas de regulamentação determinam regras, proibições e obrigações. As de advertência avisam sobre perigos ou situações especiais à frente. Já as de indicação trazem informações úteis, como direções, serviços e pontos de interesse.

Entre elas, as de regulamentação exigem atenção redobrada, pois são as mais comuns e ignorá-las pode gerar riscos graves. Formato, cor e símbolo fazem diferença.

Ao apresentar todas as placas, o material revela inclusive um erro de design: na placa R-4b, que deveria indicar “Proibido virar à direita”, aparece a imagem de “Proibido virar à esquerda”, algo perceptível pela disposição lado a lado. Fora isso, o conteúdo é claro e inclui placas que, confesso, nunca havia visto.

As placas de advertência são mais intuitivas, embora também existam algumas pouco comuns.

Em Juiz de Fora, cidade onde moro, em Minas Gerais, a presença de linhas férreas torna especialmente relevante conhecer as placas que indicam atenção a esse tipo de cruzamento, fundamental para a segurança.

Já as placas de indicação são mais leves. Elas apontam pontos turísticos, orientam trajetos e trazem mensagens educativas, como a placa branca de “Não feche o cruzamento”.

Outras aulas e módulos

Nesse mesmo módulo, aprendi sobre a importância das cores e dos tipos de linhas no asfalto, que indicam se é permitido ultrapassar e em qual sentido seguir.

O conteúdo é apresentado de forma metódica, mas exige atenção. Não é algo para fazer com pressa. Recomendo complementar com aplicativos e simulados, especialmente quando o tema é sinalização.

A aula também aborda os chamados “ajudantes silenciosos”, como cones, tachas refletivas, balizadores e placas temporárias.

Outro ponto importante é a hierarquia no trânsito quando há conflito de orientações. O agente de trânsito é a autoridade máxima. Ao final desse módulo, fiz um simulado específico e acertei oito de dez questões. Um bom resultado, mas voltei para revisar os erros. Não entender placas pode custar vidas.

Os módulos seguintes são mais tranquilos. Saem as decorebas de placas (ainda importantes) e entram temas como consequências de infrações, valores de multas, crimes de trânsito e cuidados com o veículo para evitar riscos à própria vida e à de terceiros. Também são abordados o uso correto de setas, faróis, buzina e gestos.

No último módulo, o foco é segurança e preservação da vida, com orientações sobre primeiros socorros em caso de acidentes e cuidados com o meio ambiente.

Todos os módulos incluem testes específicos e, ao concluir o último, o sistema gera o certificado de conclusão das aulas teóricas. Essa etapa chega rápido e traz alívio. Também ficam disponíveis materiais complementares e simulados.

Para quem não se sentir seguro apenas com as aulas, há PDFs de apoio. Recomendo a leitura completa do material, que tem cerca de 170 páginas. É extenso, mas é a forma mais segura de se preparar.

Com o certificado em mãos, a orientação é realizar a coleta de foto e digitais no Detran e, em seguida, os exames médicos e psicológicos para então fazer a prova teórica. Essas serão as próximas etapas, que conto na próxima reportagem.

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