Tempestade danifica fábrica de motores da Toyota e interrompe produção nacional

Fábrica da Toyota Destruída por Temporal
Após um forte temporal que atingiu o interior paulista, a Toyota anunciou nesta quarta-feira (24) a paralisação total da produção de veículos no Brasil. O problema começou com danos estruturais significativos na fábrica de motores de Porto Feliz (SP), que abastece outras unidades da montadora no país. A suspensão atinge modelos como Corolla, Corolla Cross, Yaris (para exportação) e o aguardado Yaris Cross, cujo lançamento estava previsto para outubro – momento que agora ficará indefinido. 

Estragos severos e impacto nas unidades vizinhas

De acordo com relatos apurados por Auto ND1, os ventos e chuvas intensas teriam arrancado partes do teto da planta de Porto Feliz, provocado colapsos em estrutura do galpão e alagamentos internos, comprometendo equipamentos de precisão.  Algumas telhas foram encontradas a até 6 km de distância. Em Sorocaba e Indaiatuba, fábricas que dependem dos motores produzidos em Porto Feliz, também houve paralisações em razão da interrupção do abastecimento. 

A Toyota reconheceu que os danos são extensos. Um relatório preliminar indica que a retomada da produção de motores deverá levar meses, e ela já avalia alternativas de suprimento via unidades fora do país.  No momento, não há cronograma confirmado para o retorno da fabricação.

Consequências para produtos e lançamento do Yaris Cross

Com os motores indisponíveis, a linha de montagem fica impossibilitada de operar. Isso inviabiliza a produção dos modelos Corolla e Corolla Cross, bem como do Yaris, cuja fabricação brasileira já havia sido encerrada, mas ainda é mantida para exportação. O SUV Yaris Cross, que estrearia no Brasil no mês que vem, teve seu lançamento adiado indefinidamente.

Segundo o presidente do sindicato de metalúrgicos de Sorocaba, Leandro Soares, a produção pode permanecer suspensa até 2026. Ele também comparou os danos à fábrica a uma “perda total” de um veículo em sinistro. 

Mobilização sindical e garantia de empregos

Para enfrentar a crise, a Toyota e o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e região se reuniram nesta quarta. O sindicato afirmou que não haverá demissões. A confiança mútua construída historicamente, segundo Leandro Soares, permitirá buscar saídas apesar da interrupção sem precedentes. 

No entanto, está em curso a discussão de medidas como suspensão temporária de contratos (layoff) — que preserva o vínculo de emprego — e férias coletivas. Os trabalhadores de Sorocaba devem votar, via assembleia virtual, se aprovam essas medidas. Muitas unidades permanecerão com contratos suspensos até que haja visibilidade do tempo necessário para readequação das fábricas.

Panorama e desafios à frente

A fábrica de Porto Feliz, inaugurada em 2016, é estratégica para a Toyota no Brasil e na América Latina. Ela produz motores flex de 2.0 para o Corolla/Corolla Cross e unidades 1.5 também para exportação. Com a paralisação, toda a cadeia nacional sofre: fornecedores, logística, concessionárias e contratos de exportação podem sentir o impacto nos próximos meses.

Analistas apontam que reerguer instalações industriais com maquinário de alta precisão exige tempo, investimento pesado e suprimentos que podem, em muitos casos, depender de fornecedores externos ou internacionais. Há rumores inclusive de que a escassez de motores pode afetar exportações e o mercado latino-americano da Toyota.

Enquanto isso, consumidores que aguardavam lançamentos ou novas unidades de reposição ficam em compasso de espera. O mercado automotivo nacional já é afetado por gargalos de fornecimento global; esse episódio reforça como eventos extremos — intempéries, climatologia severa — podem ter efeitos drásticos sobre a produção.

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