O Volkswagen Tera surge como o sucessor natural do Gol na atual era dos SUVs, desempenhando para este segmento o mesmo papel que o compacto teve nos tempos de domínio dos hatches. Embora os hatches ainda conservem importância no mercado, sua participação vem caindo de forma constante. No Brasil, representam atualmente 31,4% das vendas de automóveis de passeio, enquanto os SUVs já alcançam 54,2%. O novo Tera, um utilitário de entrada posicionado para rivalizar com modelos como o Fiat Pulse e o Renault Kardian, chegou com força e rapidamente conquistou a liderança entre todos os SUVs vendidos no país.
Sucesso imediato do Tera
O sucesso imediato provocou uma reviravolta dentro da própria Volkswagen. O T-Cross, até então líder do segmento, perdeu duas em cada cinco vendas entre agosto e setembro, caindo de 7.702 para 4.736 unidades. Parte dessa queda foi compensada justamente pela migração de consumidores para o Tera, movimento que também atraiu compradores de Polo e Nivus. O fenômeno é conhecido no setor como autofagia, quando um novo produto da própria marca canibaliza as vendas dos demais.
Dois fatores ajudam a explicar o sucesso inicial. O primeiro é o frescor da novidade e o design mais moderno, alinhado às tendências da Volkswagen na Europa. O segundo é o preço. O Tera custa apenas 10% a mais que o Polo, mas é 15% mais barato que o Nivus e sai 23% abaixo do T-Cross em configurações equivalentes.
A versão de entrada parte de R$ 105.890, com motor 1.0 MPI aspirado e câmbio manual, enquanto a topo de linha Highline 170 TSI Automática chega a R$ 141.890, valor que sobe para R$ 147.890 na unidade avaliada, equipada com pintura metálica e o pacote Outfit, que inclui teto bicolor, rodas diamantadas e detalhes visuais adicionais.
Diferença de preços para os irmãos
A diferença de preço para os irmãos maiores se deve principalmente à motorização. O Tera utiliza o 1.0 170 TSI, uma versão menos potente do motor presente no Nivus e no T-Cross, que contam com o 200 TSI. O bloco é o mesmo, mas com ajustes distintos na turbina e na central eletrônica. No Tera, o propulsor de três cilindros gera 109 cv com gasolina e 116 cv com etanol, além de torque de 16,8 kgfm. O câmbio automático de seis marchas AQ160, mais leve, substitui o AQ250 usado nas versões mais potentes, contribuindo para o bom desempenho urbano e eficiência.
O Tera Highline vem bem equipado, o que reforça sua atratividade tanto dentro da própria marca quanto frente aos rivais. Entre os itens de segurança, há controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com frenagem autônoma, sensores dianteiros e traseiros com câmera de ré, sensor de chuva e luz, seis airbags, iluminação full LED, espelho interno eletrocrômico e freios a disco nas quatro rodas.
No campo do conforto, o SUV oferece ar-condicionado automático, acabamento interno em couro sintético com logotipo no encosto dos bancos (no pacote Outfit), chave presencial para travamento e partida, paddle shifts, porta-malas de 350 litros, painel digital configurável de 10,25 polegadas, carregador de celular por indução e central multimídia VW Play de 10,1 polegadas com espelhamento sem fio.
Desempenho do motor e câmbio
No desempenho, o conjunto formado pelo motor 170 TSI e o câmbio automático de seis marchas entrega respostas satisfatórias e condizentes com a proposta urbana do modelo. A agilidade é favorecida pelo peso reduzido – 69 kg mais leve que o Nivus e 90 kg abaixo do T-Cross. Mesmo com aceleração de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos, as arrancadas até 60 km/h são vigorosas, o que garante boa disposição no trânsito. Nota 8.
A estabilidade é um dos pontos altos do SUV. O conjunto de suspensão, similar ao dos demais modelos da plataforma MQB A0, é beneficiado pelas dimensões mais compactas e pelo menor peso, resultando em uma rolagem de carroceria mais controlada e comportamento equilibrado. O acerto é firme, mas a absorção de irregularidades é eficiente, auxiliada pelos pneus 205/55 R17. Nota 9.
No quesito interatividade, o sistema VW Play Connect é rápido e eficiente, embora a navegação possa exigir certa familiaridade até que o motorista domine todas as funções. A tela elevada melhora a ergonomia e a visibilidade, e as teclas no volante facilitam o controle das principais funções. O modelo oferece ainda alguns recursos remotos integrados. Nota 8.
Consumo e conforto do Tera
Em consumo, o Tera mostra números competitivos. Segundo o Inmetro, o SUV faz 9,0 km/l e 12,9 km/l na cidade e 10,3 km/l e 14,8 km/l na estrada, com etanol e gasolina, respectivamente. Isso lhe confere nota A na categoria e C no geral. Nota 8.
O conforto interno é satisfatório, ainda que a suspensão rígida transmita um pouco das imperfeições do piso. O espaço interno é bom para quatro adultos, com teto plano que melhora a sensação para os passageiros traseiros. Os bancos são confortáveis, ainda que firmes, e o isolamento acústico é adequado. Nota 7
Tecnologia robusta e consistente
A tecnologia empregada é consistente. O Tera utiliza a plataforma MQB A0, a mesma de Polo e Nivus, conhecida pela rigidez e pela flexibilidade de aplicação. A base eletrônica aceita diversos sistemas de assistência à condução, mesmo que nem todos estejam disponíveis no modelo. O motor 1.0 turbo, em sua versão menos potente, equilibra eficiência e desempenho, complementado por boas opções de conectividade e carregamento sem fio. Nota 8.
A habitabilidade é coerente com o porte do SUV. O interior tem dimensões próximas às do Polo, mas o teto mais alto melhora o acesso e o conforto. Quatro ocupantes viajam com conforto, e o porta-malas de 350 litros está dentro do padrão do segmento. Nota 7.
No acabamento, o Tera reflete a evolução recente da Volkswagen em materiais e texturas. A cabine transmite uma sensação de qualidade superior aos hatches da marca, especialmente com o pacote Outfit, que adiciona couro nos bancos, volante e detalhes das portas. Nota 8.
O design combina referências de outros modelos sem parecer cópia. A dianteira segue o estilo dos elétricos ID, com traços geométricos, enquanto a traseira remete ao Peugeot 208, com lanternas elevadas e uma faixa preta interligando-as. O perfil, com linha de cintura alta e para-lamas marcantes, reforça a robustez e o caráter urbano do modelo. Nota 9.
Veja o Custo Benefício do Tera
No custo-benefício, o Tera Highline, avaliado a R$ 147.890, se destaca dentro da própria linha Volkswagen e também entre os concorrentes. Frente ao Pulse Impetus Hybrid, custa R$ 6 mil a menos e oferece mais tecnologia, embora com menor potência. Em relação ao Renault Kardian Iconic, é menos equipado e potente, mas custa R$ 4 mil a menos. O equilíbrio geral é positivo. Nota 8.
Somando os critérios avaliados, o Tera Highline Outfit totaliza 80 pontos em 100 possíveis.
O novo SUV da Volkswagen representa bem a ideia de um carro popular moderno. Embora não seja tão acessível quanto um hatch, oferece o porte e a versatilidade típicos da categoria, com bom espaço interno, porta-malas generoso e posição de dirigir elevada, que agrada especialmente a um público mais maduro.
Equipado com o motor 1.0 turbo 170 TSI, o Tera tem comportamento urbano ágil e eficiente, aproximando-se do desempenho do Nivus e do T-Cross, embora com menor potência. Na estrada, o turbo de menor pressão limita o fôlego, mas o carro mantém boa estabilidade e conforto. A relação peso-potência de 10,1 kg/cv é suficiente para garantir boas respostas, sem pretensões esportivas, mas também sem comprometer o prazer ao dirigir.
Para fechar a avaliação do Volkswagen Tera
O comportamento dinâmico é sólido, com ótima rigidez estrutural e estabilidade em curvas. Em altas velocidades, o ruído aerodinâmico aparece, mas sem comprometer a experiência. O interior, por sua vez, reflete a nova fase da Volkswagen, com melhor acabamento, materiais agradáveis e combinação de tons e texturas que transmite jovialidade. A versão Outfit adiciona um toque de personalidade com detalhes em azul e superfícies em preto brilhante e prata acetinado. O resultado é um SUV coerente com o momento da marca, equilibrando racionalidade, estilo e tecnologia.
